20.8.07

A redundância do olhar

Por Silvia Pereira Nunes


Os olhos são redundantes

Os verbos repetidos,

O calor é cruel

Os gestos imprecisos,

As ações são retornelos

As músicas refrões,

Os dias sofrimentos

Os dedos palpitações,

A boca é inútil

O coração é um órgão

Os pensamentos são vagos e vãos.

As ligações caóticas

Os caminhos parados

As pernas são cíclicas

Os sonhos jamais alcançados.

A água é escassa

A saliva trocada

As noites são claras,

Os objetos símbolos

Os números pessoas

Os joelhos fetiches.

Os carinhos são sussurros

Os beijos viagens

A vida uma miragem.

A mulher é flor

As unhas dor

O céu é limite.

O suor é sexo

A nuca sinceridade

Os doces, doces.

O imbecil é esperto

O silêncio sábio

As regras algo quebrável.

Os movimento inexistentes

Os momentos contínuos.

A mudança é difícil

As roupas estranhas,

O encontro uma batida

A fruta uma queda.

As coisas são coisas

Os conceitos padrões

As vacas soluções.

Os problemas cármas

O ponto é vista

O corte é aberto

A lógica é esta.

A rima é espontânea

As combinações telepáticas

O mundo loucura.

O querer é parco

O estar verbo

E o verbo repetido.

Interesse sujo

Dinheiro certo

Sono pecado.

O suspiro é cinza

O nariz vermelho

O Eu se perdeu-se.

A ingenuidade palhaço

O palco prisão,

O olhar é inquisidor

O outro explorador.

O simples jardim

O tinto é seco.

A casa viagem

A roda parada

A poesia um paradoxo.

A folha é uma tela

O cachorro é coxo

Os livros mazelas.

A liberdade é puta.

A cabeça é singela

As mãos meigas

As canelas são dentes.

O surreal é revisto

O oriente é viceras

O ocidente produção

A loucura impossível.

Agora um olhar

E os olhos redundantes

Os verbos repetidos.


Um comentário:

Roberta Scheibe disse...

Grande Sílvia!!! Alêêê....