A redundância do olhar
Por Silvia Pereira Nunes
Os olhos são redundantes
Os verbos repetidos,
O calor é cruel
Os gestos imprecisos,
As ações são retornelos
As músicas refrões,
Os dias sofrimentos
Os dedos palpitações,
A boca é inútil
O coração é um órgão
Os pensamentos são vagos e vãos.
As ligações caóticas
Os caminhos parados
As pernas são cíclicas
Os sonhos jamais alcançados.
A água é escassa
A saliva trocada
As noites são claras,
Os objetos símbolos
Os números pessoas
Os joelhos fetiches.
Os carinhos são sussurros
Os beijos viagens
A vida uma miragem.
A mulher é flor
As unhas dor
O céu é limite.
O suor é sexo
A nuca sinceridade
Os doces, doces.
O imbecil é esperto
O silêncio sábio
As regras algo quebrável.
Os movimento inexistentes
Os momentos contínuos.
A mudança é difícil
As roupas estranhas,
O encontro uma batida
A fruta uma queda.
As coisas são coisas
Os conceitos padrões
As vacas soluções.
Os problemas cármas
O ponto é vista
O corte é aberto
A lógica é esta.
A rima é espontânea
As combinações telepáticas
O mundo loucura.
O querer é parco
O estar verbo
E o verbo repetido.
Interesse sujo
Dinheiro certo
Sono pecado.
O suspiro é cinza
O nariz vermelho
O Eu se perdeu-se.
A ingenuidade palhaço
O palco prisão,
O olhar é inquisidor
O outro explorador.
O simples jardim
O tinto é seco.
A casa viagem
A roda parada
A poesia um paradoxo.
A folha é uma tela
O cachorro é coxo
Os livros mazelas.
A liberdade é puta.
A cabeça é singela
As mãos meigas
As canelas são dentes.
O surreal é revisto
O oriente é viceras
O ocidente produção
A loucura impossível.
Agora um olhar
E os olhos redundantes
Os verbos repetidos.
Um comentário:
Grande Sílvia!!! Alêêê....
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