30.11.06

nucleARES

as identidades matam mais em 2006.

vaIDADE
bELEza
sensAÇÃO
tesão.

não se sabe quem se É.
não se sabe quem se VÊ.
não se sabe o que se QUÉ.

as atividades nucleARES (segundo pesquisas)
poderão MATAR mais em 2016.
arsenais bélicos e pessoas se transformarão em PÓ.


a MAQUIAgem já sumiu há eras.
já secou deveras.
agora os pedaços começam a cair.
cair.

cair.

cair.

sumir.

os olhos, antes pintados,
são agora vãos.
vãos de SENTImento,
vãos de COR,
vãos de ESPAÇO,
vãos de imaginaAÇÃO.


as taças de álcool,
seguidas do olhar turvo no céu...
já perderam, há tempos, o seu lugar para o PÓ.


o PÓ da IMAGEM.
o pó da vaIDADE.

o PÓ da futilIDADE.


vive-se o século da identidade perdida.

29.11.06

"TravessiaNaturezaMorta" em exposição na FAC

O publicitário, designer, redator, fotógrafo, e professor da FAC (além de mais um montão de coisas) Cleber Nelson Dalbosco e o fotógrafo e designer (e também mais um monte de coisas) Fábio Vieira, estão com a exposição Travessia Natureza Morta exposta no "aquário" da FAC.

À princípio, quando a gente entra, vê um monte de bichinho morto, que dói no coração. Mas depois, a medida que se vai lendo as propostas da dupla, e se vai olhando as fotografias expostas de modo diferenciado, se vai entendendo a construção toda da "coisa", respeitosamente falando. A gente sai da sala com uma nova concepção do que significa "natureza morta".
A gente
até esquece a idéia de uma flor parada, por exemplo.

Bom, ao invés de eu ficar aqui salientando, vai ali no blog e dá uma olhada. É http://www.travessianaturezamorta.blogspot.com. É e. (É e ponto!)


25.11.06

Contraassaltonauta

A Nasa liberou agorinha uma foto de robôs que estão sendo desenvolvidos para substituir os astronautas nas missões espaciais futuras. Um robô de roupa branca, engessado, duro que é um mastro e com uma cabeça amarela, praticamente cor de ouro. E o principal detalhe: é perfeito para nós sairmos às ruas.

Os robozinhos são testados para que os verdadeiros astronautas não corram mais perigo. Depois, com a cabeça amarela, a máquina coloca aquele troço que todos os astronautas usam no espaço. Uma espécie de bolha na cabeça. Aí fiquei pensando: a gente podia usar um troço desses pra sair de casa. E não por beleza. Explico o por quê.

Na terça-feira dessa semana fiquei muito chocada e triste. Um aposentado foi assassinado em Passo Fundo. O nome dele era Jair Solano do Carmo, funcionário aposentado da CEEE. Ele era pai de uma aluna da Faculdade de Artes e Comunicação da UPF, local onde trabalho. O aposentado ia para casa, passou por diversas pessoas com quem conversava todos os dias. Bateu um papinho e foi embora. Chegando em casa, lá pelas nove da noite, o seu Jair viu que dois homens tentavam assaltar sua casa. Parece que na efusão do momento ele reagiu e levou três tiros, entre a cabeça e o braço. Morreu sendo levado ao hospital.

Por outro lado, numa residência há algumas poucas quadras, um colega meu reunia a sua família para fazer um churrasco e conversar. Enquanto as crianças corriam pelo pátio, todos ouviram os barulhos dos tiros e foram ver o que era. E seu Jair já estava deitado no chão. Meu colega disse: “eu juro que não saio mais de casa à noite”.

A sociedade vive um absurdo total de clausura. Somos, praticamente, um manicômio-cidade, onde as pessoas fazem de conta que tudo está normal. Nossas casas são blindadas contra terceiros, pois “achamos que ‘aqueles’ poderão nos fazer mal”. Criamos um “forte” para nós mesmos.

A idéia que quero participar é a seguinte: Eu, que tenho uma gata, vivia me estressando porque ela ia passear no vizinho e poderia cair. Coloquei uma rede, e os desfiles dela terminaram. Mas o mais engraçado, ou pavoroso, é que quem, na verdade, ficou feliz com isso, fui eu. Agora me sinto absolutamente segura. Não só porque a Lisa não vai mais passear. Além disso, tenho uma falsa impressão de que é um “algo a mais”, um “plus” para dificultar uma invasão na minha casa.

Essa aberração começa a tomar conta das nossas vidas. Viver para ter medo dos outros. Não poder sair de casa. Terminaram com a vida do seu Jair. E, segundo o que me contaram, a filha o adorava e vivia citando as palavras de seu pai em sala de aula. Seu Jair, que era livre, foi desligado do mundo. E a nós, que preço, talvez, custará a nossa liberdade?

Por isso a idéia do robô. Não vai demorar muito e o circo em que vivemos construirá uma roupa à prova de balas, com uma bolha na cabeça e um sapato de aço para que possamos abrir a porta de casa e sair “para o lado de lá”. A inteligência e a modernidade parecem voltar-se contra nós. Por isso acredito que o futuro da humanidade está nas pequenas cidades. “Seja local e será global”, já dizia o velho e bom teórico. Mas aí já é uma outra história. Por enquanto devemos pensar nessa insanidade absoluta do preço da nossa liberdade. Aliás, qual o preço? Ou melhor, tem um preço?

16.11.06

O mundo com os dias contados!


O mundo tem data marcada??? Os fatos têm hora para acontecer? Quais são as probabilidades da vida?

Para responder a estas questões na vida "prática", o jornalismo se alia aos números para mostrar aos leitores os milhões de probabilidades que existem em todos os fatos.
Os alunos da disciplina de Laboratório de Jornalismo III da Faculdade de Artes e Comunicação da Universidade de Passo Fundo vão responder a estas informações/desinformações, através de um E-flyer chamado Jornal Apocalípse.

Não sabe o que é E-flyer? São flyers (ou para os antigos "folders") enviados por e-mail. As informações, as matérias e as notas serão enviadas para uma lista gigantesca de e-mail. Os alunos que participam desta matéria são os seguintes: Ana Paula Mezzomo, Augusto Sandagorda, Carla Santin Ebone, Vanessa Alcaráz da Costa e Vera Cristina Bee.

Os trabalhos começam a ser enviados hoje.

3.11.06

Editoria de cultura é a mais importante do jornal!

Hoje de manhã, conversando com meus alunos do curso de Jornalismo, mais uma vez falei da editoria de Cultura. Esta é a editoria mais importante de qualquer jornal, e nem sempre os jornais se dão conta e se aproveitam disso.

Na verdade, todas as outras editorias, a de Ciência, Ambiental, Geral, Política, Economia, enfim, todas são resultado do que as pessoas são culturalmente. E os assuntos levados em conta também resultam da atitude cultural de cada cidade. Exemplifiquei com o caso do regime coletivo realizado em Lagoa dos Três Cantos, aqui no Rio Grande do Sul. Lá na cidade, de mil e poucas pessoas, havia uma cultura (a da comida e tradição alemãs). Outra cultura foi, de certo modo, imposta (a do regime, da saúde e da beleza - na condição estética). E a mídia chegou para mostrar esta mudança de culturas (que foi parar na editoria de saúde ou geral, por exemplo). Quando a mídia esgotou as possibilidades de matérias jornalísticas (nada mais natural), a televisão, o rádio, o jornal e a internet pararam de mostrar aquela forma de cultura, e a população recuperou todo o peso novamente (saiu da cultura do regime de volta para a cultura das tradições). Tudo isso aconteceu por influências culturais, que desembocam na mídia/imprensa.

Além disso, todo mundo possui diferentes identidades, negociadas e desempenhadas em lugares e contextos específicos. E essas identidades influenciam as pessoas nas suas decisões, na sua educação e nas suas escolhas. E, de modo direto ou indireto, isso é retratado na editoria de cultura.

Quanto à imprensa, independente da qualidade do texto (que se espera ser ótima), do formato, da extensão da reportagem, do fácil entendimento, da padronização ou não do texto, é através dos veículos de comunicação que as pessoas compreendem o mundo. Se uma pessoa vive ou não uma determinada realidade, ela se prende ao jornal para saber mais sobre aquilo. O jornal traz ao leitor uma visão de mundo, por isso o jornalismo dificilmente é imparcial. Ele tenta, mas não é. Isto em razão da individualidade de cada profissional. Todos os jornalistas, por exemplo, têm a sua individualidade, os seus valores, as suas crenças. E isto o influencia na hora de trabalhar e mostrar o seu texto. E as individualidades mostram as identidades que mostram as culturas.

Esta questão da individuaidade, e por conseüência das ideologias de cada um, pode ser percebida nas escolhas de pauta de um jornal. Nem sempre o que está nas páginas de um periódico é realmente notícia (no sentido de que algo aconteceu). E sim, na maioria das vezes, uma informação foi "plantada". Não na acepção da manipulação, mas referindo-se a algo que o jornalista pensou e que possa ser de grande valia ao leitor. Este item das pautas reflete bem como o jornalista precisa transitar entre a alta sociedade e o povo. No sentido de que, na verdade, a profissão de jornalista é ser um mediador de culturas (culturas que geram fatos e histórias). E um texto escrito por um jornalista deve ser entendido por qualquer pessoa, de qualquer grau de instrução e nível cultural (nível cultural, aqui, é no significado dos diferentes tipos de aprendizados de cada cidadão).

E, pra terminar, não se pode esquecer que o jornalismo exerce nas pessoas uma atração (de glamour, fantasia), justamente pela função social que a profissão protagoniza. Mas isso dá muito pano pra manga... a discussão vai longe! Foi só um comentário que quis deixar aqui.