28.11.07

O BOXEADOR DAS PALAVRAS

JEAN DUTRA BERTHIER

Para ele escrever era sentar-se diante de uma máquina de escrever e abrir uma veia. Norman Mailer, o maior ícone da esquerda literária teve uma intensa carreira ao longo de décadas como escritor, cineasta e jornalista. Falecido no dia 10 de novembro passado encarou várias discussões desafiando outros intelectuais. Seu primeiro livro Os Nus e os Mortos, foi um sucesso de vendas abordando a Guerra no Pacífico e as conseqüências traumáticas nos soldados.

Mailer teve uma definição que o identificava totalmente: baixinho, forte como um touro, beberrão, drogado e língua de trapo. Foi casado seis vezes e chegou a esfaquear a segunda mulher. Seguia a linha do tipo machão tal qual Hemingway, acreditando que a literatura era para escritores como a testosterona efervescente. Seu esporte preferido era justamente o boxe tendo lutado por um tempo como amador e escrevendo a obra A Luta, que aborda uma famosa disputa entre Mohamed Ali e George Foreman.

Considerado como um dos expoentes do new journalism, que mesclava jornalismo tradicional com elementos da literatura, Mailer chegou a ser candidato a prefeito de Nova York, numa bizarra campanha em 1969. Teve posição marcante abordando diversos acontecimentos na sociedade americana como a contracultura, Vietnã, feminismo e os presidentes da década de 60 até George W. Bush. Em sua obra O Evangelho segundo o filho de 1997, numa atitude ousada, traz Jesus Cristo em primeira pessoa como narrador. Definia-se Mailer como um conservador de esquerda. Ficará lembrado como alguém que dissecava o comportamento dos políticos americanos e os escândalos da sociedade de seu país. Tudo isso feito em textos que não poupava críticas ferrenhas ao establishment e ao american way of life.

7.11.07

Botei mandioca para cozinhar, esqueci e saí pra trabalhar.

Uma mandioca linda. Oferecida, gentilmente, pela minha mãe, com o conselho: “Não cozinhem tudo, vão cozinhando à medida que forem fazendo almoços”. Na hora de botar a bendita no fogo, minha irmã, Gabriela, que atende pela alcunha de Binha Creide, colocou toda a mandioca. Eu alertei: “Vamos colocar só uma parte, como a mãe disse”. E ela: “Ah, então tira uma parte e põe de volta no congelador”. Só que eu, atucanada de e-mails de trabalhos, esqueci. Quando lembrei, todas as mandiocas já estavam pré-cozidas. Gabriela, na sua praticidade, largou: “ah, deixa assim! Igual não temos tempo de cozinhar todos os dias. Chegamos e já temos que sair! Assim fica pronto e congelamos a mandioca cozida”. Fim de papo. Até me motivou. Enchi a panela com mais água até a borda para não dar problemas e voltei ao computador. Dali a pouco recebi uma ligação e me mandei para a universidade.

Trabalhei, conversei, passei na livraria para pegar um livro encomendado, fui na farmácia e quando voltei pra casa ainda fiquei reclamando do portão, que não fechou. Permaneci mais uns 15 minutos conversando com o vizinho. Nisso já fazia umas três horas que eu havia saído de casa e deixado minha gatinha Lisa dormindo. Quando subo ao meu andar e paro na frente da porta do meu apartamento, senti um cheiro. “Meu Deus as mandiocas!”. Enquanto eu enfiava a chave para abrir a porta (e a porta do lugar onde moro tem duas fechaduras) nunca o tempo passou tão devagar. Naquela fração de segundos eu pensei no tempo que “aquilo” estava cozinhando. Logo algo se apoderou de minha imaginação: A Lisa. Dentro de casa, no meio daquilo tudo. E ainda pensei que poderia estar pegando fogo, ou algo do gênero.

Quando enfim consegui abrir a porta, a Lisa estava grudada na minha frente, e tinha uma cara de quem queria me dizer alguma coisa. Olhei pra frente e uma leve névoa esbranquiçada tomava parte da minha sala e toda a cozinha. Corri para a panela, com a mandioca já preta. Desliguei a boca do fogão agradecendo a Deus que não foi pior e me culpando até a alma. Corri e abracei a Lisa. Pedi desculpas por ser tão avoada. Beijava-a, pedia desculpas e falava para ela se manter calma. A Lisa começou a me lamber como quem diz “Você é quem tem que se acalmar”. Fiquei com tanta pena da Lisa... pensei no quanto ela deve ter se assustado com aquele negócio no fogão, um cheiro pela casa inteira e que ainda estava com todas as janelas fechadas! Depois da Lisa, minha pena recaiu sobre as mandiocas. Fiquei tão triste em ter queimado as mandiocas que muita gente sofre tanto para conseguir. Aproveitei e chorei. Chorei por ser avoada, por ter apavorado a Lisa e também pelas mandiocas.

Tentei ver se salvava alguma coisa, mas o estado (e o gosto!) estava deplorável. Corri pro MSN chorar as pitangas pra minha irmã que já disse: “Não precisa ir ligar pra mãe pra apavorar ela”. Mas eu já estava com o celular na mão. “Alô, mãe? Tu nem sabe...”. E contei tudo. Falei da querida Lisa e da pena das mandiocas. Minha mãe começou a rir. Mandou botar tudo fora, inclusive a panela (que eu ainda estou tentando limpar). “Fica calma que não foi nada”. Dali a pouco liga o Pai: “Não precisa ter pena das mandiocas! Podia ser muito pior! Isso já aconteceu comigo, com a mãe, com a vó! Não se preocupa!” E já aproveitou pra dizer que os gatinhos são agilizados quando essas coisas acontecem: eles se protegem. Não sei se a Lisa fugiu do cheiro ou se ficou com a fuça grudada na panela. Só sei que ela está bem. Aonde eu ia ela ia atrás me lamber... deduzi que a gatinha estava melhor do que eu, que passei no mínimo uma hora tremendo de susto.

Minha sorte foi ter posto muita água na panela. Foi isto que salvou a Lisa e a minha casa. Os vizinhos não perceberam cheiro algum, e não tinha vestígios de nada pelo corredor. Mas dentro do apartamento...tive que passar uns quantos “bom ar”, tomar banho, botar toda a roupa pra lavar, enfiar a Lisa tomar um ar na janela (pra respirar e dar uma arejada nos pêlos) e deixar toda a casa aberta durante um bom tempo. A sorte é que todos temos um anjo da guarda. E dizem que os anjos dos esquecidos e avoados são ainda mais eficientes.

Mas pobres das mandiocas...

E na outra semana deixei queimar de novo. Só que daí eu estava em casa... e só queimou um pouquinho...

5.11.07

Contradiçao com Wander Wildner

Além de gremista, o Wander ainda é ator!!!

Lindomar Castilho que se cuide


Ultimamente ando meio preocupada comigo mesma. Às vezes tenho a sensação de que estou enlouquecendo, aos poucos... Percebi minha paranóia nessa semana, quando fui dormir e todos os meus pensamentos vinham de forma escrita na minha cabeça.

Essa semana passei os dias inteiros lendo monografias. Tenho 8 orientandos de trabalho de conclusão do curso de graduação em Jornalismo da UPF. Oito! OITO!!! E estou ficando maluca. Tenho 8 trabalhos para ler (e corrigir!). Como todos os alunos fizeram 3 capítulos por monografia, são 8 x 3 = 24 capítulos. Cada capítulo eu tenho que ler umas 3 vezes. 24 x 3 = 72 capítulos lidos. Além de vesga, estou ficando louca.

Mas, efetivamente, devo admitir que demorei para sacar que eu estava pirando. Percebi quando minhas listas começaram a aumentar. Eu explico: Faço listas para tudo. Comprei uma agenda e faço tópicos de todas as coisas que tenho que fazer na vida. Tópicos arrumados, organizados, com letra bonita, letras frizadas (aquelas que agente escreve 20 vezes em cima da palavra para a letra ficar mais forte), uma frase abaixo da outra. Lá estão todos os meus compromissos:

- Corrigir monografia do Antonio;

- Corrigir monografia do Guilherme;

- Corrigir monografia da Carol;

- Cobrar dos outros 5 orientandos para mandarem material;

- Fazer a unha;

- Retirar 20 reais para pagar a Marga (faxineira);

- Comprar pão;

- Gravação da Beterraba Filmes;

- Fazer almoço.

E assim vai. “Lembrar de desligar a mandioca que está sendo cozinhada”, entre outras coisas.

Até aí, tudo bem, loucura normal, já que desde que me conheço por gente faço isso. Agora, pensamentos escritos na cabeça, aí já é demais. Uma noite dessas fui deitar e antes de pegar no sono me lembrei de uma coisa. E o pensamento que me lembrei (por exemplo: Como a Lisa, minha gata, estava um amor hoje. Até caçou uma mosca) começou a aparecer em forma de letras, e pingos nos is, e cedilha e todas as formas de letras; cursivas, de forma, tamanho grande e pequeno. Em vez de eu pensar, começava a se formar letra por letra na cabeça. E o engraçado é que nesses pensamentos o pingo do “i” sempre fica fazendo mil voltas antes de se aquietar.

Em resumo: quanto mais se lê, mais louco se fica.

E agora, como se não faltasse mais nada, estou com tara pela palavra “movimento” (seja ele cultural ou não) e aversão pela palavra “capítulo”. Lindomar Castilho que se cuide, com aquela música de ser doido demais.

P.S – Agora já posso ir na agenda fazer um certinho no tópico “escrever crônica”.... ufa! Um a menos!

Cinema, hoje, a R$ 2,00! Pena que não é aqui.

A rede Cinemark faz hoje uma massagem no ego dos espectadores de cinema no Brasil: os filmes brasileiros, gravados no ano passado, serão exibidos hoje nos cinemas ao preço de 2 pila. E isso que a Rede Cinemark chega a cobrar 21 reais o ingresso de alguns filmes de suas exibições...
Enfim, vale a pena se informar. Leia aqui, Jacaré! (como diz um amigo nosso...).

Pena que a promoção não chega a Passo Fundo, porque aqui são outras empresas exibidoras.... árrrrrrããã (imitação simplória do choro do Kiko...).