À tarde, sem muita paciência pro trabalho rotineiro, tinha que aprontar. Era subindo ao último andar de um prédio de dezessete andares, e, não contente, passando acima da caixa de eletricidade, o que fazia com que os cabelos arrepiassem e parecessem com os do Sr. Einstein, quando inventou a teoria da relatividade, ou com o Galeão Cumbica. Era preciso diversão para “ficar alto”, qualquer coisinha assim, pra mudar a rotina de colocação de esquadras na obra.
Sem muitos medos de perda de emprego, estabilidade, essa bosta toda que todos conhecemos, fugi, simples assim, tirei o time do trabalho, “não tava dando”, agora estava livre, rasgando os ares tipo Peter Fonda, Jack Nicholson; resolvi, “eu vou voltar pra Cantarera”, de onde fazia uma semana que não saia, minha mãe tinha medo que tivesse fugido de casa, essa coisa bem rocker adolescente, “vou fugir de casa”, estava com um negócio quente no bolso, era o segundo disco dos Stooges, estava empolgado pra caralho, poxa, vou mostrar pros caras que tocam The Who, Beatles, Kinks...que os anos 60 já passaram, as recepções, humm nunca eram das melhores; sempre tinha alguém dormindo, baleado, fora do ar, alguns se arriscavam numa interminável partida de xadrez, ao som de um jazz muito chato, tirei, não, não, não, ouçam isso!!!!!!!!!!!she got a tv eye on me, she got a tv eye!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!brummpou rrrrrrrrsrsrsrsrsrsrssSTOOGES!!!!!
-Porra, mas é um “oreia” mesmo.
Acho que vocês não estão preparados pra isso, mas tudo bem.
Lembro com uma sensação um tanto estranha, aquelas emoções de aproximação, receptividade, paixão, amor, não me prendo a tanto, mas os beijos, me enchiam de vida, era como se estivesse passando fome, e a qualquer momento, nos encontrávamos e nos beijávamos, era maravilhoso, sensação parecida ao show dos Stones.
A coisa era mais ou menos assim: na interminável partida de xadrez duelavam Jerônimo Bocudo e Ronaldo Bicudo, as quais o “bica” sempre ganhava. Num canto do sofá o Beto Bruno coçava o saco, Rodrigo, “o planta", desenhava um quadro, enquanto no estúdio, Maurício Chaise, o fuza, Sanjai el siri, e o Cauê, quebravam tudo executando Young man blues, e a quem diga que as melhores coisas estavam por sair da culinária requintada de Maurício Rigotto, numa outra sala, Alessandro e o Jefe, se divertiam com algumas garotas e um frezzer de Polar, gelatinhas, uma delícia, prontas pro estouro.
A música é tudo, só ela impede que fiquemos loucos, é uma afirmação, verdade, mentira, ponto de vista, talvez nem saiba, mas a minha intenção, é somente relatar que a verdadeira audição de uma obra, porque discos, não são apenas “discos”, são obras de arte, não significa colocar a bolacha na agulha e deixa que o som venha, é preciso sentir, e ter uma história pra contar que te coloque dentro dos acontecimentos, daí já é demais, viver conforme o ritmo da vida, o que não tinha como, pois não sabia por quantos dias estava por ali, nem que horas eram, e nem o ritmo da dança.
-Mas escuta ai: Loooooooorrrrrrddddd!!!!
-Que é isso, tira o oreia daí, bota os guris de Liverpool aí, ou a Brenda...
-Vamos fazer uma sessão de Sgt. Peppers, várias vezes, a tarde toda, e melhor vamo amarra o oreia, pra assim ele ouvir de verdade ahahahahahahahaha.
-Pode ser perigoso, há um comentário que o guri tem “desvios de caráter”, humm sei não heimm...
-Isso só vai acrescentar pra ele, daqui uns 10, 20 anos vamos estar rindo disso tudo, ele nem vai lembrar mais...
Sem ter como exibir alguma reação, além de ter uns 16, 18 anos na época, eles estavam em uns 10, ainda assim teve soco na boca de um, chute no saco de outro, até que não teve como, me pegaram, amordaçado como um ladrão, feia a coisa, mas o pior foi ficar a tarde toda ouvindo aquela bosta, sim porque nessa situação, ninguém, e eu digo ninguém, ia sair dali cantando, “Lucy in the Sky with Diamonds...”
Sem poder gritar, vamo ouvir “o definitivo disco conceitual da história da música”, talvez a maior obra de arte, revolução cultural que tivemos o prazer, ou não...hehehe de presenciar.
Após umas oito horas de sessões, me soltaram, abraçaram, nem brabo fiquei, logo o “Zé”, tava chegando e com ele a cerveja, que nos embriagava e as garotas aqueciam os corações solitários da banda do Sargento Pimenta.
6 comentários:
Achei que o Oreia era analfabeto?
Esse texto ficou muito fino! hahahaha
Trancado num quarto ouvindo sgt Peppers é bom. hehe
valeu robesss, abraço a todos os que gostarem
que história, hein,cara !
Po, nao tinha nem uma tv e um playstation no quarto nao ?
Pelo menos era o sgt peppers e nao um disco solo do Ringo !
impossivel escutar um disco solo do Ringo por 4 vezes no mesmo dia...
eu ja escutei Echoes , do Floyd, por 3 semanas e meia, mas, claro, nao estava amarrado.
Alias, acho que eu devia fazer isso de novo.
Pozólha véio ... sei lá ... marcinho ... acho dá pra engolir e porra que tu escreveu mas acho que vc devia ter lutado até morte com esses caras, matado alguns deles e fugido pra longe !!! sempre te disse: anda sempre armado loco !!! Capaz tá legal mas porque tu não publica no site gay: www.osarmenios.com.br
Esta mau escrito hein!
O enredo é interessante, mas não expressou bem. A pontuação está estranha.
Um pouco de português pra ti meu amigo.
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