A Nasa liberou agorinha uma foto de robôs que estão sendo desenvolvidos para substituir os astronautas nas missões espaciais futuras. Um robô de roupa branca, engessado, duro que é um mastro e com uma cabeça amarela, praticamente cor de ouro. E o principal detalhe: é perfeito para nós sairmos às ruas.
Os robozinhos são testados para que os verdadeiros astronautas não corram mais perigo. Depois, com a cabeça amarela, a máquina coloca aquele troço que todos os astronautas usam no espaço. Uma espécie de bolha na cabeça. Aí fiquei pensando: a gente podia usar um troço desses pra sair de casa. E não por beleza. Explico o por quê.
Na terça-feira dessa semana fiquei muito chocada e triste. Um aposentado foi assassinado em Passo Fundo. O nome dele era Jair Solano do Carmo, funcionário aposentado da CEEE. Ele era pai de uma aluna da Faculdade de Artes e Comunicação da UPF, local onde trabalho. O aposentado ia para casa, passou por diversas pessoas com quem conversava todos os dias. Bateu um papinho e foi embora. Chegando em casa, lá pelas nove da noite, o seu Jair viu que dois homens tentavam assaltar sua casa. Parece que na efusão do momento ele reagiu e levou três tiros, entre a cabeça e o braço. Morreu sendo levado ao hospital.
Por outro lado, numa residência há algumas poucas quadras, um colega meu reunia a sua família para fazer um churrasco e conversar. Enquanto as crianças corriam pelo pátio, todos ouviram os barulhos dos tiros e foram ver o que era. E seu Jair já estava deitado no chão. Meu colega disse: “eu juro que não saio mais de casa à noite”.
A sociedade vive um absurdo total de clausura. Somos, praticamente, um manicômio-cidade, onde as pessoas fazem de conta que tudo está normal. Nossas casas são blindadas contra terceiros, pois “achamos que ‘aqueles’ poderão nos fazer mal”. Criamos um “forte” para nós mesmos.
A idéia que quero participar é a seguinte: Eu, que tenho uma gata, vivia me estressando porque ela ia passear no vizinho e poderia cair. Coloquei uma rede, e os desfiles dela terminaram. Mas o mais engraçado, ou pavoroso, é que quem, na verdade, ficou feliz com isso, fui eu. Agora me sinto absolutamente segura. Não só porque a Lisa não vai mais passear. Além disso, tenho uma falsa impressão de que é um “algo a mais”, um “plus” para dificultar uma invasão na minha casa.
Essa aberração começa a tomar conta das nossas vidas. Viver para ter medo dos outros. Não poder sair de casa. Terminaram com a vida do seu Jair. E, segundo o que me contaram, a filha o adorava e vivia citando as palavras de seu pai em sala de aula. Seu Jair, que era livre, foi desligado do mundo. E a nós, que preço, talvez, custará a nossa liberdade?
Por isso a idéia do robô. Não vai demorar muito e o circo em que vivemos construirá uma roupa à prova de balas, com uma bolha na cabeça e um sapato de aço para que possamos abrir a porta de casa e sair “para o lado de lá”. A inteligência e a modernidade parecem voltar-se contra nós. Por isso acredito que o futuro da humanidade está nas pequenas cidades. “Seja local e será global”, já dizia o velho e bom teórico. Mas aí já é uma outra história. Por enquanto devemos pensar nessa insanidade absoluta do preço da nossa liberdade. Aliás, qual o preço? Ou melhor, tem um preço?
3 comentários:
Realmente isso é muito complicado. O que aconteceu com esse cara foi muito triste. Boa idéia a do astronauta! hahaha
Beijos.
bá... bem legal o texto. Mas que pena que chegamos a isso.
Oi estava lendo sobre o caso do meu tio Jair.. muito triste oq aconteceu em com ele.. eu estava na faculdade nesta noite.. e qdo sai fui direto informada de sua morte.. entao segui direto ao sao vicente.. mas isso que vc disse da filha dele.. q o adorava.. e tal.. ´´e tudoo mentira que t passaram.. no dia do velorio ela estava dando bandinha de carro com o maridinho dela.. nunca ouviu o pai.. ele era contra o relacionamento dela.. e ela deu graças a deus dele ter morrido.. foi queima de arquivo.. mas a justiça ser´´a feita.. como no caso da comerciante Rita que prenderam os bandidos hoje.. o mesmo ser´´a no nosso caso..
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