Botei mandioca para cozinhar, esqueci e saí pra trabalhar.
Uma mandioca linda. Oferecida, gentilmente, pela minha mãe, com o conselho: “Não cozinhem tudo, vão cozinhando à medida que forem fazendo almoços”. Na hora de botar a bendita no fogo, minha irmã, Gabriela, que atende pela alcunha de Binha Creide, colocou toda a mandioca. Eu alertei: “Vamos colocar só uma parte, como a mãe disse”. E ela: “Ah, então tira uma parte e põe de volta no congelador”. Só que eu, atucanada de e-mails de trabalhos, esqueci. Quando lembrei, todas as mandiocas já estavam pré-cozidas. Gabriela, na sua praticidade, largou: “ah, deixa assim! Igual não temos tempo de cozinhar todos os dias. Chegamos e já temos que sair! Assim fica pronto e congelamos a mandioca cozida”. Fim de papo. Até me motivou. Enchi a panela com mais água até a borda para não dar problemas e voltei ao computador. Dali a pouco recebi uma ligação e me mandei para a universidade.
Trabalhei, conversei, passei na livraria para pegar um livro encomendado, fui na farmácia e quando voltei pra casa ainda fiquei reclamando do portão, que não fechou. Permaneci mais uns 15 minutos conversando com o vizinho. Nisso já fazia umas três horas que eu havia saído de casa e deixado minha gatinha Lisa dormindo. Quando subo ao meu andar e paro na frente da porta do meu apartamento, senti um cheiro. “Meu Deus as mandiocas!”. Enquanto eu enfiava a chave para abrir a porta (e a porta do lugar onde moro tem duas fechaduras) nunca o tempo passou tão devagar. Naquela fração de segundos eu pensei no tempo que “aquilo” estava cozinhando. Logo algo se apoderou de minha imaginação: A Lisa. Dentro de casa, no meio daquilo tudo. E ainda pensei que poderia estar pegando fogo, ou algo do gênero.
Quando enfim consegui abrir a porta, a Lisa estava grudada na minha frente, e tinha uma cara de quem queria me dizer alguma coisa. Olhei pra frente e uma leve névoa esbranquiçada tomava parte da minha sala e toda a cozinha. Corri para a panela, com a mandioca já preta. Desliguei a boca do fogão agradecendo a Deus que não foi pior e me culpando até a alma. Corri e abracei a Lisa. Pedi desculpas por ser tão avoada. Beijava-a, pedia desculpas e falava para ela se manter calma. A Lisa começou a me lamber como quem diz “Você é quem tem que se acalmar”. Fiquei com tanta pena da Lisa... pensei no quanto ela deve ter se assustado com aquele negócio no fogão, um cheiro pela casa inteira e que ainda estava com todas as janelas fechadas! Depois da Lisa, minha pena recaiu sobre as mandiocas. Fiquei tão triste em ter queimado as mandiocas que muita gente sofre tanto para conseguir. Aproveitei e chorei. Chorei por ser avoada, por ter apavorado a Lisa e também pelas mandiocas.
Tentei ver se salvava alguma coisa, mas o estado (e o gosto!) estava deplorável. Corri pro MSN chorar as pitangas pra minha irmã que já disse: “Não precisa ir ligar pra mãe pra apavorar ela”. Mas eu já estava com o celular na mão. “Alô, mãe? Tu nem sabe...”. E contei tudo. Falei da querida Lisa e da pena das mandiocas. Minha mãe começou a rir. Mandou botar tudo fora, inclusive a panela (que eu ainda estou tentando limpar). “Fica calma que não foi nada”. Dali a pouco liga o Pai: “Não precisa ter pena das mandiocas! Podia ser muito pior! Isso já aconteceu comigo, com a mãe, com a vó! Não se preocupa!” E já aproveitou pra dizer que os gatinhos são agilizados quando essas coisas acontecem: eles se protegem. Não sei se a Lisa fugiu do cheiro ou se ficou com a fuça grudada na panela. Só sei que ela está bem. Aonde eu ia ela ia atrás me lamber... deduzi que a gatinha estava melhor do que eu, que passei no mínimo uma hora tremendo de susto.
Minha sorte foi ter posto muita água na panela. Foi isto que salvou a Lisa e a minha casa. Os vizinhos não perceberam cheiro algum, e não tinha vestígios de nada pelo corredor. Mas dentro do apartamento...tive que passar uns quantos “bom ar”, tomar banho, botar toda a roupa pra lavar, enfiar a Lisa tomar um ar na janela (pra respirar e dar uma arejada nos pêlos) e deixar toda a casa aberta durante um bom tempo. A sorte é que todos temos um anjo da guarda. E dizem que os anjos dos esquecidos e avoados são ainda mais eficientes.
Mas pobres das mandiocas...
E na outra semana deixei queimar de novo. Só que daí eu estava em casa... e só queimou um pouquinho...
5 comentários:
era panela de pressão ou panela comum???
essa vida longe de casa é complicada, uma expériência que tive é cozinhar feijão, mas é preciso de umas cinco cobaias,até vc acertar o ponto do feijão...
hahahaha
O que não faz a convivência né... até eu já dei uma de Robes... hehehe
Beijos!!
Gabi
era panela normal... hehe
huahua... muito bem Robes... como cozinheira vc é uma ótima jornalista e cronista...
eu não lembro de ter queimado alguma coisa na panela, mas já deixei a chaleia fazer furo de tanto ferver sem água... minha irmão tbm já queimou água fazendo ovo cozido hehe!!
Beijos... me convide para jantar, daí a gente pede uma pizza!!!
t dóio
hahahahahahahhahahahahahahahaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahahahahhhhhhahahahhhahahahahahahahhahahahahahahahahhahahhahahaah
Acontece Robes!!! beijos na Lisa!
hahahahahahahahhhhhhhhhhaaaaaaaaaaaaaaaaaahhahahahahahaha
Ainda bem que não eram Beterrabas!!!
Fabi Beltrami
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