A coca-cola e o rota vírus

Sou a mais nova vítima do rota vírus. Contei isso pra uma amiga e ela, apavorada, disse: “Meu Deus, você está brincando? E isso mata, amiga?”.

Eu disse que não era para tanto, que não ia morrer nem nada, mas que estava indo ao banheiro como nunca. Desde semana passada estava com uma dor de estômago, que, na verdade, era uma dor de estômago disfarçada. E ontem, foi a gota d’água: a dor de estômago, um suor gelado (me sentia muito mais pálida do que já sou, e escorria sobre mim um suor gelado), comecei a tremer, ter tonturas, ânsia de vômito e... vontade de ir ao banheiro, você sabe para fazer o quê. Meu amigo Gui, do alto de sua elegância, me pediu: “Robes, mas é líquido?”, eu disse: “beeem líquido. Mais líquido do que nunca!”.

No outro dia precisei ir para o hospital. Fui fazer uma consulta para ver se era ou não o tal “rota vírus”, uma virose que está se apoderando de 5 de cada 10 pessoas em Passo Fundo. Cheguei no hospital, esperei uns 20 minutos e fui atendida por um médico de barba e cabelo grisalho, gordinho, simpático, e que olhava, às vezes, por cima dos óculos. Ele me perguntou: “O que você tem?” Eu, falando baixo – coisa rara na minha vida – fui falando tudo. E disse que estava muuuito cansada. Até para pegar a Lisa (minha gata) no colo eu já sentia muita dor nos braços. Claro que eu não disse isso pro médico, mas até deu vontade.

De cara ele me olhou e disse: “Menina, você está com o Rota vírus!”. Pensei: “SENHOR!”. Já passou um filme pela minha cabeça, com minha mãe me xingando, dizendo que comi uma coisa errada... (ontem bem na hora que eu estava mal, ela me ligou. Coincidência, sincronicidade ou telepatia? Pediu o que eu comi: “uma torrada, mãe”... “Mas eu já não te disse que comer torrada faz mal, filha?!”... “Mãe, semana passada você disse que uma torradinha era o ideal”). Então o médico já foi dizendo: “Menina, estas viroses não têm nada a ver com comida... tem a ver com o calor... Com licença...” e ele me apalpou na barriga: “Você sente uma dor aguda aqui?”... “sim”... E ele disse: “Então, essa dor, tudo o que você me relatou, mais todo o seu cansaço, é sinônimo de virose. Se fosse só uma coisa que você comeu, você iria vomitar e ir ao banheiro, mas sem sentir taaaaanto cansaço e tanto mal estar”.

Aí perguntei: “Bom, o que eu faço então?” E ele mandou eu tomar uns remedinhos, que me ajudassem a não sentir mais ânsia de vômito nem a ter diarréia (pronto, falei essa palavra que acho horrorosa). E na saída ele me disse: “Toma bastante líquido!”. Eu perguntei: “Sucos?” E ele: “Não, coca-cola!”. Fiquei abismada: “Quêêêêê???? Coca-cola? O senhor tem certeza??? Daria tudo para minha mãe estar aqui agora....”. E ele: “é, coca-cola... os pediatras até indicam para as crianças... porque, sem o gás, a coca tem sódio”, e se não me engano ele disse até “potássio”, mas aí meu cansaço não me permite ser precisa.

Saí do hospital ainda com cara de doente, mas já fui na padaria comprar uma coca-cola...Cheguei em casa e tomei todos os remédios. Estou parando de “ir ao banheiro”, mas meu cansaço ainda continua, como se uma patrola da prefeitura tivesse passado sobre mim...

Nunca pensei que esse “rota vírus” fosse tão cruel com o corpo. Mas minha surpresa maior, devo admitir, ficou por conta da coca-cola...